Capitulo 145
Manuela ficou
nervosa assim que Suzane desligou o telefone. Não era pra ter sido assim, não
era para Leandro ter se metido com a historia dela. Falou com a diretora do
curso onde lecionava, explicou sua condição pela manhã e a mesma a liberou para
passar a tarde em casa. Já no ônibus sua cabeça doía, tanta coisa aconteceu em
menos de 24 horas. Chegou ao apartamento e viu Regina com Juliet nos braços.
_Não canso nunca de ver essa minha neta.
_Por isso que hoje fiquei tranqüila enquanto
trabalhava Dona Regina. Quando a Jully está nos seus braços ou nos da Luzia me
sinto segura.
_Ahh imagino, já almoçou?
_Ainda não.
_Vá comer algo, depois eu entrego a
Jully pra você. E posso dizer? A Luzia faz uma comida deliciosa.
_Rsrsrs obrigada. Dona Regina, onde estão
os meninos?
_Saíram hoje pela manhã dizendo que
iriam resolver uns assuntos, ainda não chegaram.
_Ah tá.
Manuela foi
para cozinha e se alimentou. Luzia estava lá e ficou do lado dela. Após
almoçar, ela pegou Juliet, lhe deu a mamada, um banho e a colocou para dormir,
assim que viu que a filha estava no sono perfeito, foi ligar pra mãe. Chamou
algumas vezes, ela atendeu.
_Oi Manuela – Sua voz estava embargada de choro? Oi?
_Mãe? O que aconteceu? Está tudo bem?
_Sim, estou bem
_Mãe, fala comigo... – Sentiu um nó formar em sua garganta. –
Se foi sobre o meu problema me desculp...
_Não foi só isso Manu. Tomei uma decisão
da minha vida, terminei com Mario
_Mas... Como? Por quê?!
_Não dá mais Manuela... (Parou para
chorar) Olha, eu descobri o que ele fez com você.
_Mãe, eu te suplico, não termina nada
com o pai por minha causa, me entendeu?!
_Fica calma Manu, eu não agüento mais
seu pai, nosso casamento acabou há tempos, não só foi isso. Claro que esse foi
o motivo para eu estourar tudo o que estava entalado na garganta, mas não
admito ele falar de você.
_E agora mãe? – Começou a chorar
_Agora vou pedir transferência para a
agencia daí, quero te ajudar a criar a Jully. A minha vida agora se resume a
vocês. Nada me pertence aqui. Olha, vou desligar, fica calma ok? Estou tranqüila,
nada vai me acontecer, tá?
_Mãe... – Cortou a voz, o choro estava obvio – Eu
nunca vou me perdoar por isso.
_Shh... Eu estou bem filha, agora vou
desligar. Beijos e mais tarde eu ligo mais calma.
Manuela sentiu
que a mãe queria passar fortaleza para ela, mas sabia que ao desligar aquele
telefone Suzane chorou muito. Pior de tudo... Manuela não estava lá para
confortá-la, abraçá-la. Chorou por longos minutos, mas suas lagrimas secaram e
nos seus olhos tinha fúria, Leandro era o culpado de tudo isso ter acontecido,
ele foi o culpado de sua mãe estar naquela situação. Não pensou duas vezes ao
ouvir vozes vindo da sala, abriu a porta.
Regina:
_Manu... O que aconteceu?
Manuela:
_Dona Regina o Leandro chegou?
Kiko:
_Sim Manu, ele estava comigo
Manuela:
_Obrigada
Saiu procurando
por ele no apartamento inteiro, até na cobertura mas só o achou no quarto. Ele
estava saindo do banho com a toalha envolta do corpo, com os cabelos molhados.
_Manu?
_Quem mandou você ir lá ver meu pai? – Alterou um pouco a voz
_Eu precisava dizer poucas e boas na
cara daquele babaca
_E quem mandou você ir até o trabalho da
minha mãe pra falar sobre o que aconteceu comigo?
_Ei, calma aí. Só quis te ajudar.
_Acontece que eu não preciso de sua
ajuda! Por sua causa, ela está mal lá e pra variar acabou com meu pai. Eles
acabaram o casamento!
_Eu bato palmas pra ela, sinceramente,
ela merece coisa melhor
_ELA MERECE MAS NÃO É VOCÊ QUEM DEVE
DITAR O QUE ELA MERECE! POR SUA CAUSA ELA ESTÁ MAL E EU ESTOU COM MEDO DELA IR
PARAR NO HOSPITAL! VOCÊ É UM IDIOTA QUE ACHA QUE TUDO O QUE ESTÁ FAZENDO É
CERTO!
_BAIXA O TOM PRA FALAR COMIGO SUA
MOLECA! DEPOIS DE TUDO O QUE OUVI SEU PAI FALANDO DE VOCÊ ACHO QUE NO SEU LUGAR
NÃO O DEFENDERIA
_EU ESTOU DEFENDENDO ELE? NÃO. MAS O QUE
VOCÊ FEZ COM ELES NÃO FOI LINDO. E NÃO PRECISAVA IR ATÉ LÁ FALAR O QUE EU FIZ
PRA MINHA MÃE. SOU BEM GRANDINHA E VACINADA PRA ME DEFENDER!
_EU TE AJUDO E É ASSIM QUE VOCÊ ME
AGRADECE? NA MORAL MANUELA. VAI SE FUD...
_CALA A BOCA! A VIDA É MINHA E EU FAÇO O
QUE BEM ENTENDER COM ELA
_FAÇA O QUE QUISER COM ELA MAS QUANDO
ENVOLVE MINHA FILHA EU NÃO ADMITO. SE DEPENDESSE DE VOCÊ AINDA ESTARIA NAQUELE MASOLÉU
QUE VOCÊ CHAMAVA DE APARTAMENTO.
_VAI PASSAR O RESTO DA VIDA PASSANDO NA
MINHA CARA LEANDRO? EU ERREI SIM, MAS NÃO PRECISO QUE VOCÊ ME JULGUE, QUEM É
VOCÊ PRA FALAR DE MIM, SUA VIDA É MAIS COMPLICADA QUE QUALQUER OUTRA COISA. NÃO
SE META MAIS NA MINHA VIDA, ENTENDEU? – Se aproximou dele e o encarou
_Fica tranqüila Manuela não vou me meter
na sua vida, mas se você colocar a vida da minha filha em risco mais uma vez...
Eu pego a guarda dela.
Manuela não
entendeu muito o que ele estava falando por um tempo, depois sua ficha caiu.
_Espera, você acha que vou admitir minha
filha sendo criada com você lá em SP? SE
ENXERGA CARA! NÃO SOU BARRIGA DE ALUGUEL!
_Claro que você não é, você nunca
admitirá que deu o golpe da barriga só pra ter luxo e pensão bastante cara né?
Leandro só caiu
em si ao sentir uma ardência em seu rosto e ele não estar mais encarando
Manuela, ela lhe dera um tapa tão forte que ele quase caía.
_NUNCA MAIS ABRA A BOCA PRA FALAR ISSO,
ME ENTENDEU LEANDRO? ASSIM COMO EU SUMI O ANO PASSADO NÃO FAÇA ACONTECER DE
NOVO! EU TE ODEIO! – Colocou
o dedo indicador no rosto dele
_Faz de novo, some e dessa vez eu dou
queixa na policia por seqüestro sua piranha – Ele chacoalhava ela entre seus braços e por fim a jogou na
cama. Aquele não era ele. – E QUER SABER? SAI DO MEU QUARTO! – A segurou pelos braços e abriu a porta. Kiko
estava entre os dois
Kiko:
_Mas o que está acontecendo aqui? Leandro, solta Manuela agora! – Tomou-a dos braços dele e a abraçou
forte, fazendo-a afundar o rosto no peito oras de vergonha, oras de raiva. –
Manu, sai, volta pro seu quarto.
A menina não
esperou Kiko terminar de falar, saiu correndo e desapareceu no corredor.
_Entra! – Foi o que Kiko falou para Leandro. Fazendo-o
voltar para o quarto, fechou a porta – Que porra foi isso
Leandro? Os gritos dava pra ouvir da sacada!
_Não foi nada.
Ficaram ali em
silêncio, após muita insistência em vão para Leandro falar, Kiko saiu de lá. Pediu
para que ele fizesse sua mala, o vôo deles seria pela noite. Leandro se
arrependeu de ter discutido com Manuela, mas não deixou de pensar e a chamar de
egoísta mentalmente. Enquanto ele fizera de tudo, demonstrou todo o carinho que
sente enfrentando o pai dela, ela o agradecera jogando palavras fortes.
Pela noite
Manuela estava mais calma, seus olhos inchados e vermelhos denunciava o que
acontecera pela tarde. Kiko pediu que ela fosse para o aeroporto levá-los e na
volta ela traria o carro. Chegaram ao aeroporto, fizeram o check-in e ficaram
aguardando.
_Manu, não sei o que aconteceu hoje pela
tarde entre você e o Leandro, mas tenta se acalmar, eu vi como ele enfrentou
seu pai, eu vi o quanto ele ficou nervoso quando soube o que você estava
passando. Tenta ver o lado dele, ele só estava tentando te ajudar, ok? – Kiko segurou o rosto dela com as mãos,
com os polegares acariciava sua bochecha.
_Ok grandão, mas me dá um tempo pra
digerir tudo. É tanta coisa acontecendo, meus pais se separando por minha causa
de longe é a pior coisa. –
Começou a chorar
_Calma, olha, se eles realmente se amam,
não vão acabar um relacionamento por causa de filhos ok? (Chamaram o vôo) Bom,
tenho que ir e fica tranqüila que por mais que a mãe insista em saber o que
aconteceu, ficarei calado e o Leandro também ficará.
_Ok, obrigada.
Despediu-se de
Kiko, Regina. Leandro não quis papo com ela, ainda estava magoado e saiu na
frente. Sua volta para o apartamento foi de total solidão. Chorou muito, mas
assim que chegou e viu Juliet ali na sala brincando, abriu um sorriso largo. Sentou
ao lado de Luzia no sofá.
_É... Do lixo ao luxo... Do inferno ao
paraíso... Como é lindo esse apartamento Manu. – Ela falou olhando todos os pedaços
daquela sala.
_É Lu, mas não vai se contentando. Isso
não é nosso, logo iremos pra um bem menor que esse, deixa só minha mãe chegar.
Continua...
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