quinta-feira, 20 de junho de 2013

Cap. 145 - Contas a acertar – Parte 3

                   Capitulo 145

     Manuela ficou nervosa assim que Suzane desligou o telefone. Não era pra ter sido assim, não era para Leandro ter se metido com a historia dela. Falou com a diretora do curso onde lecionava, explicou sua condição pela manhã e a mesma a liberou para passar a tarde em casa. Já no ônibus sua cabeça doía, tanta coisa aconteceu em menos de 24 horas. Chegou ao apartamento e viu Regina com Juliet nos braços.

_Não canso nunca de ver essa minha neta.
_Por isso que hoje fiquei tranqüila enquanto trabalhava Dona Regina. Quando a Jully está nos seus braços ou nos da Luzia me sinto segura.
_Ahh imagino, já almoçou?
_Ainda não.
_Vá comer algo, depois eu entrego a Jully pra você. E posso dizer? A Luzia faz uma comida deliciosa.
_Rsrsrs obrigada. Dona Regina, onde estão os meninos?
_Saíram hoje pela manhã dizendo que iriam resolver uns assuntos, ainda não chegaram.
_Ah tá.

      Manuela foi para cozinha e se alimentou. Luzia estava lá e ficou do lado dela. Após almoçar, ela pegou Juliet, lhe deu a mamada, um banho e a colocou para dormir, assim que viu que a filha estava no sono perfeito, foi ligar pra mãe. Chamou algumas vezes, ela atendeu.

_Oi Manuela – Sua voz estava embargada de choro? Oi?
_Mãe? O que aconteceu? Está tudo bem?
_Sim, estou bem
_Mãe, fala comigo... – Sentiu um nó formar em sua garganta. – Se foi sobre o meu problema me desculp...
_Não foi só isso Manu. Tomei uma decisão da minha vida, terminei com Mario
_Mas... Como? Por quê?!
_Não dá mais Manuela... (Parou para chorar) Olha, eu descobri o que ele fez com você.
_Mãe, eu te suplico, não termina nada com o pai por minha causa, me entendeu?!
_Fica calma Manu, eu não agüento mais seu pai, nosso casamento acabou há tempos, não só foi isso. Claro que esse foi o motivo para eu estourar tudo o que estava entalado na garganta, mas não admito ele falar de você.
_E agora mãe? – Começou a chorar
_Agora vou pedir transferência para a agencia daí, quero te ajudar a criar a Jully. A minha vida agora se resume a vocês. Nada me pertence aqui. Olha, vou desligar, fica calma ok? Estou tranqüila, nada vai me acontecer, tá?
_Mãe... – Cortou a voz, o choro estava obvio – Eu nunca vou me perdoar por isso.
_Shh... Eu estou bem filha, agora vou desligar. Beijos e mais tarde eu ligo mais calma.

      Manuela sentiu que a mãe queria passar fortaleza para ela, mas sabia que ao desligar aquele telefone Suzane chorou muito. Pior de tudo... Manuela não estava lá para confortá-la, abraçá-la. Chorou por longos minutos, mas suas lagrimas secaram e nos seus olhos tinha fúria, Leandro era o culpado de tudo isso ter acontecido, ele foi o culpado de sua mãe estar naquela situação. Não pensou duas vezes ao ouvir vozes vindo da sala, abriu a porta.

Regina: _Manu... O que aconteceu?
Manuela: _Dona Regina o Leandro chegou?
Kiko: _Sim Manu, ele estava comigo
Manuela: _Obrigada

     Saiu procurando por ele no apartamento inteiro, até na cobertura mas só o achou no quarto. Ele estava saindo do banho com a toalha envolta do corpo, com os cabelos molhados.

_Manu?
_Quem mandou você ir lá ver meu pai? – Alterou um pouco a voz
_Eu precisava dizer poucas e boas na cara daquele babaca
_E quem mandou você ir até o trabalho da minha mãe pra falar sobre o que aconteceu comigo?
_Ei, calma aí. Só quis te ajudar.
_Acontece que eu não preciso de sua ajuda! Por sua causa, ela está mal lá e pra variar acabou com meu pai. Eles acabaram o casamento!
_Eu bato palmas pra ela, sinceramente, ela merece coisa melhor
_ELA MERECE MAS NÃO É VOCÊ QUEM DEVE DITAR O QUE ELA MERECE! POR SUA CAUSA ELA ESTÁ MAL E EU ESTOU COM MEDO DELA IR PARAR NO HOSPITAL! VOCÊ É UM IDIOTA QUE ACHA QUE TUDO O QUE ESTÁ FAZENDO É CERTO!
_BAIXA O TOM PRA FALAR COMIGO SUA MOLECA! DEPOIS DE TUDO O QUE OUVI SEU PAI FALANDO DE VOCÊ ACHO QUE NO SEU LUGAR NÃO O DEFENDERIA
_EU ESTOU DEFENDENDO ELE? NÃO. MAS O QUE VOCÊ FEZ COM ELES NÃO FOI LINDO. E NÃO PRECISAVA IR ATÉ LÁ FALAR O QUE EU FIZ PRA MINHA MÃE. SOU BEM GRANDINHA E VACINADA PRA ME DEFENDER!
_EU TE AJUDO E É ASSIM QUE VOCÊ ME AGRADECE? NA MORAL MANUELA. VAI SE FUD...
_CALA A BOCA! A VIDA É MINHA E EU FAÇO O QUE BEM ENTENDER COM ELA
_FAÇA O QUE QUISER COM ELA MAS QUANDO ENVOLVE MINHA FILHA EU NÃO ADMITO. SE DEPENDESSE DE VOCÊ AINDA ESTARIA NAQUELE MASOLÉU QUE VOCÊ CHAMAVA DE APARTAMENTO.
_VAI PASSAR O RESTO DA VIDA PASSANDO NA MINHA CARA LEANDRO? EU ERREI SIM, MAS NÃO PRECISO QUE VOCÊ ME JULGUE, QUEM É VOCÊ PRA FALAR DE MIM, SUA VIDA É MAIS COMPLICADA QUE QUALQUER OUTRA COISA. NÃO SE META MAIS NA MINHA VIDA, ENTENDEU? – Se aproximou dele e o encarou
_Fica tranqüila Manuela não vou me meter na sua vida, mas se você colocar a vida da minha filha em risco mais uma vez... Eu pego a guarda dela.

    Manuela não entendeu muito o que ele estava falando por um tempo, depois sua ficha caiu.

_Espera, você acha que vou admitir minha filha sendo criada com você lá em SP?  SE ENXERGA CARA! NÃO SOU BARRIGA DE ALUGUEL!
_Claro que você não é, você nunca admitirá que deu o golpe da barriga só pra ter luxo e pensão bastante cara né?

     Leandro só caiu em si ao sentir uma ardência em seu rosto e ele não estar mais encarando Manuela, ela lhe dera um tapa tão forte que ele quase caía.

_NUNCA MAIS ABRA A BOCA PRA FALAR ISSO, ME ENTENDEU LEANDRO? ASSIM COMO EU SUMI O ANO PASSADO NÃO FAÇA ACONTECER DE NOVO! EU TE ODEIO! – Colocou o dedo indicador no rosto dele
_Faz de novo, some e dessa vez eu dou queixa na policia por seqüestro sua piranha – Ele chacoalhava ela entre seus braços e por fim a jogou na cama. Aquele não era ele. – E QUER SABER? SAI DO MEU QUARTO! – A segurou pelos braços e abriu a porta. Kiko estava entre os dois

Kiko: _Mas o que está acontecendo aqui? Leandro, solta Manuela agora! – Tomou-a dos braços dele e a abraçou forte, fazendo-a afundar o rosto no peito oras de vergonha, oras de raiva. – Manu, sai, volta pro seu quarto.

    A menina não esperou Kiko terminar de falar, saiu correndo e desapareceu no corredor.

_Entra! – Foi o que Kiko falou para Leandro. Fazendo-o voltar para o quarto, fechou a porta – Que porra foi isso Leandro? Os gritos dava pra ouvir da sacada!
_Não foi nada.

    Ficaram ali em silêncio, após muita insistência em vão para Leandro falar, Kiko saiu de lá. Pediu para que ele fizesse sua mala, o vôo deles seria pela noite. Leandro se arrependeu de ter discutido com Manuela, mas não deixou de pensar e a chamar de egoísta mentalmente. Enquanto ele fizera de tudo, demonstrou todo o carinho que sente enfrentando o pai dela, ela o agradecera jogando palavras fortes.

     Pela noite Manuela estava mais calma, seus olhos inchados e vermelhos denunciava o que acontecera pela tarde. Kiko pediu que ela fosse para o aeroporto levá-los e na volta ela traria o carro. Chegaram ao aeroporto, fizeram o check-in e ficaram aguardando.

_Manu, não sei o que aconteceu hoje pela tarde entre você e o Leandro, mas tenta se acalmar, eu vi como ele enfrentou seu pai, eu vi o quanto ele ficou nervoso quando soube o que você estava passando. Tenta ver o lado dele, ele só estava tentando te ajudar, ok? – Kiko segurou o rosto dela com as mãos, com os polegares acariciava sua bochecha.
_Ok grandão, mas me dá um tempo pra digerir tudo. É tanta coisa acontecendo, meus pais se separando por minha causa de longe é a pior coisa. – Começou a chorar
_Calma, olha, se eles realmente se amam, não vão acabar um relacionamento por causa de filhos ok? (Chamaram o vôo) Bom, tenho que ir e fica tranqüila que por mais que a mãe insista em saber o que aconteceu, ficarei calado e o Leandro também ficará.
_Ok, obrigada.

     Despediu-se de Kiko, Regina. Leandro não quis papo com ela, ainda estava magoado e saiu na frente. Sua volta para o apartamento foi de total solidão. Chorou muito, mas assim que chegou e viu Juliet ali na sala brincando, abriu um sorriso largo. Sentou ao lado de Luzia no sofá.

_É... Do lixo ao luxo... Do inferno ao paraíso... Como é lindo esse apartamento Manu. – Ela falou olhando todos os pedaços daquela sala.

_É Lu, mas não vai se contentando. Isso não é nosso, logo iremos pra um bem menor que esse, deixa só minha mãe chegar.

Continua... 

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